Augustos

Foto: Fabiana Veloso



Porque perdemos a luz
Somos urubus
Pousando na sorte do outro.

O que vemos, soa-nos imperfeito
Porque, ao que ouvimos,
podemos acrescentar um pouco de nós.

Queremos estar presentes,
Como urubus, espreitando e forjando
O enterro de nossa última quimera.

Desta última querela,
Não sabemos,
Mas ainda temos no bico
A carne necrosada do amigo
que ajudamos a dilacerar.

Somos palavras
E não quereres.
Somos arroto
E não CocaCola.
Somos quermesses.
E não santos.

Escolhemos ser o inferno
E não o outro.
Escolhemos o chorume
Que nos banha, perfuma
E acolhe.

Escolhemos a palavra.

     Edenildo Aquino, Salvador em  29/05/2011

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